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quarta-feira, 28 de abril de 2010

QUEM SE BENEFICIA COM A SAÍDA DE CIRO DO PÁREO?


A saída de Ciro Gomes da disputa presidencial deve, pelo menos, num primeiro momento, favorecer José Serra (PSDB). Mas a consolidação desse cenário dependerá, segundo especialistas, da forma como o deputado vai se portar daqui para a frente. A migração de votos pode variar se Ciro declarar apoio ou se empenhar por uma das campanhas, o que hoje é uma incógnita.

Para Mauro Paulino, diretor geral do Datafolha, o fato de a última pesquisa do instituto, realizada nos dias 15 e 16 de abril, ter mostrado que 57% dos eleitores de Ciro votariam em Serra num eventual segundo turno entre o tucano e Dilma Rousseff (PT) mostra esse favorecimento inicial do ex-governador de São Paulo. A petista ficou com 33% dos votos dos eleitores do deputado do PSB na simulação de segundo turno.

- É preciso ressaltar que a pesquisa foi feita antes das entrevistas de Ciro, que tiveram grande repercussão e podem alterar o cenário - diz Paulino.

Na última sexta-feira, o deputado federal afirmou que Serra é mais preparado do que Dilma, mas também chamou o tucano de autoritário
A saída de Ciro eleva ainda a chance de que a eleição seja definida no primeiro turno.

- Matematicamente, com menos candidatos de expressão, a possibilidade de decisão em turno único aumenta. Hoje, Serra teria 42% dos votos válidos contra 42% da soma de Dilma e Marina (Silva, do PV) - diz Paulino. O diretor do Datafolha afirma, porém, que é cedo para fazer uma previsão sobre o tema.

O cientista político Fábio Wanderley Reis, professor emérito da UFMG, concorda que, no primeiro momento, Serra será beneficiado pela saída de Ciro do páreo. Mas tem dúvidas se a vantagem obtida vai se manter.

- Há muitas coisas pendentes. Especialmente, o fato de as pesquisas mostrarem que muitas pessoas votariam no candidato indicado pelo Lula, mas não sabem que Dilma é a candidata dele.

Correndo por fora, surge a senadora Marina Silva, pré-candidata pelo Partido Verde, figura que poderá desempenhar um importante papel nesta campanha eleitoral. Primeiro porque o seu discurso reintroduz no debate as questões mais políticas, além da questão ambiental, que é o seu principal foco; E, segundo, porque ela deverá se beneficiar desse afastamento de Ciro Gomes, nem tanto pela quantidade de eleitores do deputado que poderá cair no seu colo, mas principalmente pelo espaço maior que, obrigatoriamente, deverá lhe ser concedido pelos meios de comunicação.

Como uma coisa leva a outra, quem sabe a pré-candidata verde não cresce o suficiente para acabar, na prática, com o plebiscito -defendido por uns e aceito por outros - e colocar um molho a mais nesta campanha que já promete ser tão acirrada?

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