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quinta-feira, 22 de março de 2012

Professora de Balsas defende Tese sobre nomes de lugares maranhenses


A professora Maria Célia Dias de Castro, do Centro de Estudos Superiores de Balsas – UEMA/CESBA, defendeu, recentemente, sua tese de doutorado “Maranhão: sua toponímia, sua história”, na UFG. Segundo a professora, o objetivo da tese era saber por que os lugares maranhenses têm os nomes que têm, ou seja, o que motivou a escolha desses nomes.
A Toponímia, subdivisão da Onomástica (ciência que estuda os nomes), ocupa-se dos nomes próprios de lugares, sua origem e evolução, mudança e substituição, e está inter-relacionada com outras áreas de estudos como a Arqueologia, a Etnolinguística, a História e a Geografia. A professora Maria Célia explica que “no caso dos topônimos maranhenses, a nossa tese era de que havia motivações que relacionavam o nome e seu significado ao lugar, ou seja, os nomes próprios toponímicos têm motivações e não são puramente arbitrários”. Ela acrescenta “fizemos uma descrição dos topônimos, a partir de suas propriedades, e apresentamos uma nova proposta de categorização. Ressaltamos o papel desempenhado pela história e pela cultura no processo de nomeação e defendemos que o processo de povoamento e de transplantação da cultura europeia praticamente suprimiu as línguas locais”. No que diz respeito à relação desses nomes com a História, ela informa “percebemos que as escolhas imprimem um caráter político-ideológico peculiar, com valores locais próprios”.

Participaram da Banca Examinadora os professores doutores Maria Suelí de Aguiar (UFG), Gustavo Solis Fonseca (CILA/Universidad Nacional Mayor de San Marcos – Peru), Karylleila dos Santos Andrade (UFT), Vânia Casseb Galvão (UFG) e Anton Corbacho Quintela (UFG).

A profa. Dra. Maria Suelí de Aguiar, orientadora da tese, deu o seguinte parecer: “gostaria de deixar claro para os demais interessados que o estudo desenvolvido por você, Maria Célia, foi um marco para os estudos linguísticos da UFG. Até então, não havia tido nenhuma pesquisa sobre toponímia, nem mesmo sobre Onomástica em geral.
A sua tese foi elogiada por todos que a leram e que nos abordaram para dizer sua opinião. Acredito que sua contribuição acadêmica não foi pequena, ela foi grande e de
muita relevância. Acredito que será muito provável que você fará o que
acordamos desde sua entrada para o Projeto ‘A Línguística e a história
de Goiás’, a sua atuação enquanto coordenadora de um estudo
linguístico-histórico, no estado do Maranhão. Estou orgulhosa de
ter tido oportunidade de tê-la como membro do meu Grupo de Pesquisa no
CNPq. Termino minhas breves observações dizendo que estarei à sua
disposição para colaborar com suas pesquisas, se assim o quiser, e que
da minha parte a Letras da UFG estará com as portas abertas para você.
Importa acrescentar que muito me honrará sua participação no curso da
pós-graduação em Letras e Linguística ‘Linguística Histórica e Estudos
Antropológicos: Onomástica’ ainda no primeiro semestre do corrente
ano, 2012. Mais uma vez obrigada por abrilhantar nossa pós-graduação com sua tese de doutorado”.

A Profa. Dra. Vânia Casseb Galvão informou “no último dia nove, transcorreu a defesa de tese da doutora Maria Célia Dias de Castro, intitulada Maranhão: sua Toponímia, sua História. Numa abordagem que abriga princípios teóricos da Semântica Cognitiva, da Toponímia e da Linguística Histórico-Crítica, a tese traz uma reflexão séria e criteriosa a respeito da categorização dos nomes dos municípios maranhenses. Tive o prazer de ler e avaliar o trabalho, e de arguir sua autora, que demonstrou conhecimento e seriedade na análise dos dados, na redação do texto e nas respostas às questões formuladas pela banca.

Acerca de poder e toponímia, o Dr. Gustavo Solis ressalta que “en esta perspectiva es  completamente  pertinente la  afirmación de  Días de  Castro, cuando dice: ‘La  toponimia de Marañón esta formada por nombres  que evidencian una compleja red de  caminos y rutas de poblamiento y de  conquistas de las  tierras de  este estado y el mito fundador histórico está muy presente en los nombres’ p. 222. En otros términos, la conquista y colonización de los espacios del Marañón implican una reorganización toponímica del territorio en la que la cultura y la lengua de  los nuevos ocupantes  marcan su impronta como evidencia del poder de  denominar. Todo esto significa paralelamente la pérdida de poder por los indios, con consecuencias que significan y extinción de  topónimos provenientes de sus lenguas y pérdida de  su poder denominador previo. Un caso muy ilustrativo es el ejemplo del nuevo orden que se muestra con el nuevo orden denominador implicado en los nombres del sitio Guaxindubá / Santa Maria.  El trasplante es un ejercicio de poder de metrópoli en la colonia.

Conforme a Profa. Dra. Esperança Cardeira (Co-Orientadora), da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, “na Universidade Federal de Goiás Maria Célia Dias de Castro defendeu uma tese de doutorado intitulada Maranhão. Sua Toponímia, sua História. Trata-se de um trabalho arrojado e rigoroso que responde à questão “por que os lugares maranhenses têm os nomes que têm?”. Cruzando os saberes das modernas teorias linguísticas com uma perspectiva sócio-histórica e cultural, a autora relaciona os sucessivos processos de povoamento do Maranhão com a nomeação toponímica, demonstrando que a escolha do léxico toponímico não é puramente arbitrária mas decorre de uma profunda interação entre o homem, a paisagem e o poder. Seguramente, esta tese é um contributo significativo para a actualização do conhecimento sobre a história do Maranhão e para a consolidação do corpo conceptual de que a investigação linguística necessita. Mas é muito mais do que isso: desvendando a construção dos valores que definem a identidade de um povo, torna-se uma defesa empenhada das raízes da maranhensidade”.

A Dra. Silvia Lucia Bigonjal Braggio, professora titular de Linguística da Faculdade de Letras da UFG e Pesquisadora 1D do CNPq, ressaltou: “tive o prazer de ser professora e membro da Banca de Qualificação de Maria Célia Dias de Castro durante seu doutorado em Linguística na UFG. Com relação à sua pessoa, desde o início fiquei impressionada com seu caráter, sua dedicação incondicional aos estudos, sua coragem de enfrentar desafios, de adquirir novos conhecimentos e seu respeito aos professores. Sua competência ficou plausível nos trabalhos cuidadosamente apresentados nas disciplinas, o que possibilitou a sua publicação, fato nem sempre comum a doutorandos. Como membro da sua banca de qualificação, fiquei particularmente impressionada com a quantidade dos autores por ela estudados e a qualidade de seu trabalho. Afirmei, nesse dia, que esse era um trabalho para ser publicado. Ao ler o trabalho final, a tese Maranhão: sua toponímia, sua história, tive ainda mais certeza de que se trata de um trabalho original, dentro da Linguística Histórica, pois Castro, por meio do Paradigma Indiciário, da Semântica e da Pragmática, consegue trazer um novo olhar para essa área da linguística. Por trazer à luz autores que colocam as diferentes situações vividas por meio dos diferentes topônimos, a partir dos nomes que os povos indígenas lhes davam e da consequente transplantação de outros povos europeus para o Maranhão, Castro nos brinda com a própria história de seu Estado. É fascinante acompanhar a leitura de seu trabalho e, por meio dele, adentrar a história do povo maranhense, a partir dos topônimos, ou seja, das palavras plenas de conteúdo histórico, político, social e cultural. Castro pode ser considerada a primeira linguista da Linguística Histórica Crítica. A ele pertence esse mérito e, seguramente, com a publicação de seu trabalho, será motivo de orgulho para a comunidade científica e para o povo do Maranhão”.

Fonte www.radioboanoticia.com.br

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