Brasília, 30 de novembro – O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) 
lançou, nesta quarta-feira (30/11), o relatório Situação da Adolescência 
Brasileira 2011 – O direito de ser adolescente: Oportunidade para reduzir 
vulnerabilidades e superar desigualdades.
O lançamento do relatório aconteceu em Brasília com a presença dos 
adolescentes Mariana Rosário, Israel Victor Melo e Danilo Urapinã Pataxó; da 
representante do UNICEF no Brasil, Marie-Pierre Poirier; e do novo representante 
da organização no Brasil, Gary Stahl. No final deste ano, Marie-Pierre será a 
nova diretora regional do UNICEF para os países da Europa Central e 
Oriental.
O relatório analisa a situação de meninas e meninos de 12 a 17 anos a partir 
da evolução de 10 indicadores entre 2004 e 2009. O documento também traz uma 
análise das políticas públicas desenvolvidas no Brasil e propõe ainda um 
conjunto de ações a serem tomadas para garantir a realização dos direitos de 
todos e de cada adolescente.
Vivem hoje no Brasil 21 milhões de meninos e meninas entre 12 e 18 anos 
(incompletos), o que equivale a 11% da população brasileira. As projeções 
demográficas mostram que o Brasil não voltará a ter uma participação percentual 
tão significativa dos adolescentes no total da população.
Ainda que esse fato represente uma grande oportunidade para o País, o 
preconceito faz com que esse grupo populacional seja visto como problema, 
criando barreiras para o desenvolvimento pleno do potencial desses meninos e 
meninas.
O relatório alerta ainda que os adolescentes têm alguns de seus direitos mais 
violados do que outros grupos etários da população.
Dos 10 indicadores avaliados entre 2004 e 2009, oito registraram avanços, um 
deles (extrema pobreza) apresentou um ligeiro retrocesso e outro (homicídios) 
manteve-se estável em um patamar preocupante.
O indicador da extrema pobreza entre os adolescentes, por exemplo, registrou 
um pequeno aumento, enquanto a tendência na população geral é de queda. Isso 
significa que houve um aumento da representação dos adolescentes na população 
pobre.
No caso dos homicídios, em 2009, a taxa de mortalidade entre adolescentes de 
15 a 19 anos era de 43,2 para cada grupo de 100 mil adolescentes, enquanto a 
média para a população como um todo era de 20 homicídios/100 mil.
No caso da educação, os indicadores apontam importantes avanços no período 
analisado, mas o Brasil ainda enfrenta desafios nessa área. Entre os 
adolescentes entre 15 e 17 anos de idade, 20% estão fora da escola, enquanto o 
percentual é de menos de 3% no grupo entre 6 e 14 anos de idade.
O documento também aponta que, entre os adolescentes, alguns sofrem essas 
violações de forma mais severa. Isso faz com que um adolescente negro tenha 
quase quatro vezes mais risco de ser assassinado do que um adolescente branco. 
Também mostra que um adolescente indígena tem três vezes mais possibilidade de 
ser analfabeto do que os adolescentes em geral.
“Nós estamos aqui para desconstruir um preconceito”, disse Marie-Pierre 
Poirier, representante do UNICEF no Brasil. “O UNICEF quer propor um novo olhar. 
Um olhar que reconheça que os adolescentes são um grupo em si. Ou seja, não são 
crianças grandes, nem futuros adultos. São sujeitos, com direitos específicos, 
vivendo uma fase extraordinária de sua vida.”
Com o relatório, o UNICEF propõe ações imediatas e de médio prazo para a 
desconstrução dos preconceitos e das barreiras que afetam a vida dos 
adolescentes brasileiros.
Em relação às ações de médio prazo, o documento sugere o fortalecimento das 
políticas públicas universais com foco específico na adolescência e um foco 
ainda mais específico nos adolescentes mais desfavorecidos (adolescentes 
afro-brasileiros, indígenas, adolescentes com deficiência e aqueles que vivem 
nas comunidades populares das grandes cidades, no Semiárido e na Amazônia).
Também recomenda que seja dada especial atenção a quatro grupos: adolescentes 
vítimas da exploração sexual; as meninas mães; adolescentes chefes de famílias; 
e meninos e meninas que vivem nas ruas.
Entre as ações imediatas, propõe a criação de uma política pública 
multissetorial para pôr fim aos homicídios de adolescentes; o estabelecimento de 
um plano específico no Plano Nacional de Educação para os adolescentes fora da 
escola, em risco de evasão ou retidos no ensino fundamental; e a produção de 
dados, estatísticas e informações desagregados sobre o grupo de 12 a 17 anos de 
idade.
Participação cidadã – O UNICEF acredita que a construção de 
soluções para os problemas que afetam a vida dos adolescentes apenas será 
efetiva se contar com a participação cidadã dos próprios adolescentes. Por isso, 
convidou representantes de adolescentes de redes e grupos organizados a 
participar da elaboração do relatório. Eles deram depoimentos sobre temas 
abordados e realizaram algumas das entrevistas com autoridades e 
especialistas.
A versão final do documento foi apresentada para representantes dessas redes 
em um encontro nacional realizado entre os dias 27 e 29 de outubro, em Brasília. 
As principais conclusões dessa reunião foram apresentadas na coletiva por três 
adolescentes escolhidos para representar o grupo: Mariana Rosário, 17 anos, 
Israel Victor Melo, 16 anos, e Danilo Urapinã Pataxó, 16 anos.
O encontro foi realizado pelo UNICEF e IIDAC, com apoio da Santa Fé Idéias, e 
contou com participação de adolescentes do Semiárido, da Amazônia, de 
comunidades quilombolas, de aldeias indígenas, dos centros urbanos, de áreas 
rurais e de redes de participação. 
 
 
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